Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) comemorahoje 46 anos desde a sua fundação e, para assinar essa data, a associação vai realizar na sua sede uma palestra.
“Está de parabéns toda a classe artística nacional e pelo esforço que tem vindo a realizar, augura-se uma UNAP mais viva e firme no seu papel de criar, massificar e preservar o produto e valor das artes visuais e plásticas de Angola. Bemhaja UNAP!” estas são as declarações feitas, ontem, pelo presidente da comissão directiva, Rosário Matias.
Ele fez uma incursão histórica, realçando que a associação foi fundada a 8 de Outubro de 1977, por um elenco de quadros nacionais aficionados pelas ciências das artes plásticas, onde se destacam nomes como Henrique Abranches, Victor Teixeira “Viteix”, António Jacinto, Tomás N’dombele, António Ole, Mendes Ribeiro e outros que, “movidos pelas correntes da institucionalização de estruturas e organismos que viessem a responder e ocupar-se das actividades essenciais no domínio da cultura, criaram a UNAP”.
O enquadramento sóciopolitico desta associação de profissionais das artes visuais mereceu a seguinte pincelada de Rosário Matias: “Na altura, o país pulsava por uma orientação de economia centralizada onde todos os sectores da vida política, económica e social, nas suas mais variadas vertentes eram sustentados ideológica e financeiramente pelo Estado. Dir-seá que poderão ter sido os períodos mais favoráveis vividos pelas associações de cariz socioprofissionais institucionalizadas”.
Acrescentou dizendo que, “os níveis de formação e proficiência dos membros fundadores, associados à convivência e experiências partilhadas nos ambientes das artes do período colonial, permitiram que nas primeiras duas décadas a UNAP se mostrasse mais consistente, mais criativa e, obviamente, mais movida às motivações voltadas a essência da pintura e escultura de matriz nacional”, esclareceu a fonte.
Desse período, destacou, entre várias realizações, os memoráveis painéis e dísticos comemorativos de efemérides nacionais e internacionais, tais como independência nacional, o Carnaval da Vitória, 1º de Maio, FENACULT (quadros humanos), mural do Hospital Militar, esculturas em bronze e madeira espalhadas pelo território nacional e tantos outros feitos que orgulham o panorama artevisual nacional.
Neste percurso de pouco mais de quatro décadas, disse, a UNAP passou por momentos distintos, onde se podem destacar períodos áureos e de participação intensa na pesquisa, criação, massificação e preservação das criações artísticas que, a nível nacional, foram produzidas e que se podem considerar como peças de valor artístico e cultural.
No espírito e essência da associação, argumentou, sempre esteve o profissionalismo maduro e, com não podia deixar de ser, a ideia da semente, do viveiro, dos delfins e da continuidade. O presidente de direcção realçou que é nesta visão em que foi criada a Brigada Jovem de Artistas Plásticos (BJAP), o dínamo do arrojo, inovação e acompanhamento das tendências universais do movimento nacional e além-fronteiras. “Os jovens artistas sempre acompanharam e estiveram na linha da frente deste remarcável percurso”.
Na sua óptica, mudam se as estações, os anos passam e com isto novas eras e novas dinâmicas na vida política e sociocultural do país se vão operando. A atenção e os apoios que as associações criadas pelo Estado recebiam deixaram de acontecer com regularidade e, a UNAP também tem vindo a sofrer com estas mudanças e, actualmente, é visível o impacto que esta falta de apoios, como meios materiais e financeiros, faz no funcionamento da instituição que congrega artistas plásticos a nível nacional.
A UNAP é uma instituição de utilidade pública, decretada por via da resolução nº 45/09 de 15 de Junho, e por força disso deve, por via do OGE, beneficiar de uma dotação financeira proveniente do Ministério da Cultura e Turismo, “mas é uma situação que não tem ocorrido com regularidade”, segundo o presidente da direcção.
Rosário Matias explicou que não dispõe de verbas suficientes para que a mesma consiga levar avante o seu papel e missão, que lhe permitam realizar toda as tarefas planificadas e a gestão administrativa. Um dos reflexos visíveis aos olhos de todos é o estado de degradação do edifício onde a mesma funciona (sede) e a inação das suas delegações províncias, que são braços da associação na sua extensão territorial.
Rosário Matias falou dos desafios da actual direcção e disse que, “nós temos vontade e resiliência de modo a reavivar o espírito e realçar a importância que uma associação como a UNAP tem, no xadrez sócio cultural do país. A Comissão Directiva que tem como timoneiro o secretário geral, Tozé de Carvalho, tem vindo a desdobrar-se em acções que, brevemente, podem resultar na apresentação de uma instituição renovada e actuante, capaz de atrair no seio dos artistas plásticos e de todos os agentes e aficionados das artes, galeristas, curadores, críticos e colecionadores.
“Está de parabéns toda a classe artística nacional e pelo esforço que tem vindo a realizar, augura-se uma UNAP mais viva e firme no seu papel de criar, massificar e preservar o produto e valor das artes visuais e plásticas de Angola”